Esta invocação tornou-se muito popular em nossos dias graças à singela devoção à Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt (Belo Lugar), iniciada por Pe. Kentenich, na Alemanha, em 1914. Quem não conhece o quadro, a capelinha, os centros de devoção que se espalham por todo mundo como refúgios de paz. Em meio aos aglomerados urbanos, onde a pressa e a violência dão o tom da vida cotidiana, é possível encontrar uma capelinha da Mãe Três vezes Admirável e esconder-se no colo daquela que fez Jesus dormir. A beleza, a serenidade e o silêncio típico destas capelinhas contrasta com o ambiente em que a devoção nasceu, às vésperas da primeira grande guerra mundial. Na segunda guerra, a perseguição nazista não poupou a devoção de Pe. Kentenich. Naquele tempo o tirano Hitler se auto intitulava “único soberano”. Em reação, a Obra de Schoenstatt, coroa Maria três vezes admirável, como “única Rainha”. A aprovação definitiva desta devoção pela Igreja viria somente após o Concílio Vaticano II. Hoje nos mais remotos cantos do Brasil é possível encontrar o “Movimento das Capelinhas”. Quem não conhece, ou até já recebeu em casa, a “Mãe Peregrina”? Conheço muitas famílias que tiveram suas vidas modificadas pela visita da imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt.
Mas o título de Mãe Admirável não foi inventado por Pe. Kentenich. Penso que o modo como o Anjo Gabriel se dirigiu a Maria naquele dia foi a primeira vez que a história ouviu esta invocação: “Alegra-te, cheia de Graça, o Senhor está contigo”. Ela foi contemplada por Deus Pai com o dom de ser a mãe do Salvador por obra do Espírito Santo. Aqui estão os três motivos para admiramos Maria: ela é ponto de encontro das três pessoas da Santíssima Trindade. Não admiramos propriamente Maria, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo que resplandecem em seu semblante. Isto ficou perpetuado na oração da ave-maria. A primeira parte é a promessa do Pai, a saudação de Isabel, cheia do Espírito Santo e a invocação do nome que está acima de todo nome: Jesus! Em poucas palavras a ave-maria contempla nos olhos da mãe três vezes admirável, a Trindade três vezes santa. São Luiz Maria Grignon de Montfort, autor do “Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem Santíssima” (1700) expressa a mesma idéia com as seguintes oração: “”Saúdo-te Maria, Filha predileta do Pai eterno! Saúdo-te Maria, Mãe admirável do Filho! Saúdo-te Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo!” (Segredo de Maria, 68).
Admiramos Deus em Maria e Maria em Deus. É uma vida de entrega total. Mas a entrega mais admirável é a feita pelo próprio Deus que confia a preciosa Graça a uma menina da periferia de um lugar qualquer. Nem sempre temos a fé que deveríamos. Mas Deus constuma ter fé em nós. Ele confia obras grandiosas e admiráveis em nossas mãos. Não é impressionante que a vida humana passe pela decisão de um casal? Um dia todos fomos totalmente dependentes de nossos pais. Devemos pedir a intercessão de Maria Admirável, para que possamos corresponder à confiança que Deus depositou em nós. Quando admiramos Maria do jeito certo acabamos esquecendo dela e nos perdemos no amor de Deus. Ele nos indica a direção. É uma placa de trânsito. Não é o ponto de chegada. É companheira de viagem. Quem admira Maria do jeito certo chega em Jesus e, com ele, na força do Espírito Santo, avança em direção ao Pai. Somos peregrinos da Trindade. Para encontrar o caminho precisamos recorrer ao mapa, à bússola. É Maria. Ela é ícone do eterno. É imagem de Deus. Quando esquecemos nossa identidade original de filhos, contemplemos Maria Admirável. Como um espelho ela nos mostrará, sem mancha, o rosto de Jesus que resplandece na face de cada um de nós.
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