Depois de três dias num retiro espiritual, uma mulher chega ao padre responsável e diz: Estou cansada! Procurei Deus incessantemente neste retiro, e nada... Estou pior agora do que quando cheguei aqui.
Onde está Deus?
Quando estamos ensinando às crianças sobre a fé, apontamos para cima, para o céu como lugar onde Deus mora, não é à toa que quando rezamos elevamos nossas preces olhando para o alto. Mas onde está Deus?
Creio nos céus, nas alturas... Porém, se olharmos para cima, sentiremos uma distância enorme entre nós e o que nossos olhos alcançam.
Onde procurá-lo?
Mais de uma vez, escutei pessoas se queixando: Onde estava Deus, quando eu mais precisava d'Ele?
Essa expressão é comum, quando, depois de um sofrimento, não sentimos a consolação espiritual, o toque do Altíssimo. Para satisfazer nosso vazio, onde Ele deveria estar?
Quando dizemos que estamos procurando Deus, afirmamos que não estamos com Ele. Pois, se estivéssemos, não O estaríamos procurando.
Procura-se algo que está perdido, ou sumido, procura-se aquilo que não se tem.
Procurar Deus? Seria esta a expressão correta para designar o desejo da alma de experimentá-lo? Se procurar Deus, tenho consciência de que Ele está em algum lugar. Mas onde?
No salmo 138, lemos:
7 Para onde irei, longe de vosso Espírito? Para onde fugir, apartado de vosso olhar?
8 Se subir até os céus, ali estareis; se descer à região dos mortos, lá vos encontrareis também.
9 Se tomar as asas da aurora, se me fixar nos confins do mar,
10 é ainda vossa mão que lá me levará, e vossa destra que me sustentará.
11 Se eu dissesse: "Pelo menos as trevas me ocultarão, e a noite, como se fora luz, me há de envolver".
12 As próprias trevas não são escuras para vós: a noite vos é transparente como o dia e a escuridão, clara como a luz.
Talvez nossa busca seja em vão, porque buscamos Deus, onde Deus não esteja.
Deus não vive fora, está dentro.
Não é difícil encontrá-lo, difícil é nos encontrarmos... difícil, não é experimentar Deus, mas sim fazer a experiência de nós mesmos.
Quando eu, mergulhado interiormente, tomo consciência, do que sou, reconheço meus logros e minhas deficiências, sem ocultar nada de mim mesmo, então minha alma beija o Espírito de Deus.
A mulher 'do retiro', buscou fugir de quem ela era, dos seus problemas, das suas frustrações, e mascarou essa fuga com o desejo de um encontro... o encontro com Deus. Procurou onde Ele não estava. É impossível encontrar Deus, se estamos fugindo de nós.
Não queremos sofrer, por isso, quando a dor nos ronda, tentamos de todas as formas possíveis nos distanciarmos do problema, mas naquele momento o sofrer faz parte do nosso ser. Negando-nos, tomamos distância de Deus. Não é Deus que se distancia quando nós mais precisamos d'Ele, somos nós que corremos em direção contrária, queremos o externo, buscamos o que está fora. E Deus segue dentro.
Quando Deus soprou sobre nós, na primeira criação e, depois, tornou-nos templos de seu Espírito - também com um sopro - quis-nos dizer, que seu hálito, que sua presença é o que nos move... Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. (Gl 2,20)
A força não nos vem de fora. Está dentro, onde Deus fez morada.
Pe. Luís Erlin
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