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1 de out. de 2022

Santa Teresinha: Enfermidade e morte

 


Teresinha começou a sentir umas dores de garganta em consequência da poeira e das emanações da lavagem de roupas e louças.
Depois vieram umas contínuas dores no peito. Paulina não teve coragem de chamar o médico da família, um primo, o Dr. Francis La Néele. O médico oficial da comunidade era o Dr. Cornière, grande amigo de Madre Maria de Gonzaga. 
No dia 14 de setembro de 1894 entra para o Carmelo de Lisieux mais uma Martin, Celina. Desde o tempo de Teresa de Ávila nunca um Carmelo acolhera quatro irmãs da mesma família. Teresinha não sabia como agradecer a Deus. 
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As dores de garganta de Teresinha persistiam. Já causavam sérias apreensões. Os remédios não surtiam nenhum efeito. Não obstante, ela não diminuía as suas atividades. Antes, seus trabalhos aumentaram com a entrada de mais quatro postulantes, entre elas, Celina. 
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Em fins de 1894, Teresinha começou a se questionar. Há seis anos entrara para o Carmelo e jamais abrira mão do desejo de se tornar santa. A leitura da vida dos grandes santos deixou-a meio confusa. 
Todos esses santos distinguiram-se por uma vida de grandes mortificações, praticaram em alto grau toda as virtudes e Deus dotou-os dos mais extraordinários dons e carismas. Perto deles, ela se julga um “obscuro grão de areia”. Mas não desanima. Não se sente apta a “subir a rude escada da perfeição”, mas há que se santificar por outro caminho. Lembrou-se então de que ouvira, num retiro, o Pe. Prou falar de um caminho pequeno e reto, completamente novo para se chegar ao amor total. Teresinha descobre esta “Pequena Via”, que se tornará a essência de sua espiritualidade. Já que não consegue, através de férreas disciplinas e sacrifícios, alcançar a santidade, Jesus mesmo será sua santidade. Ele irá conduzi-la nos braços até a Montanha do Amor. O seu pequeno caminho será o do abandono, da entrega confiante nas mãos do Pai. 
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Um dia, após a missa da Santíssima Trindade, Teresa quis oferecer-se como vítima de holocausto ao Amor Misericordioso. Pediu a obteve permissão da Priora. Quis que Celina também o fizesse. Foi diante da imagem de Nossa Senhora das Vitórias que fez sua consagração, ela e a irmã. 
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Era a Semana Santa de 1896. Na noite de Quinta-feira Santa, 3 de abril, Teresinha estava no coro fazendo adoração. Fica aí até meia-noite. Depois vai repousar. Mal se deita, sente uma golfada, como vômito, que lhe sobe até os lábios. Como a lâmpada já estava apagada, ela não quis verificar. Só no dia seguinte pôde constatar. O vômito era sangue. Não teve medo. Era um anúncio do Bem Amado de seu coração. No dia seguinte, conta o ocorrido à Priora, completando: “Estou passando bem, e suplico-lhe que não me conceda nada de especial”. A Priora, sem se dar conta do estado real de Teresinha, concorda. Durante o dia Teresinha se entrega aos trabalhos na forma de sempre. 
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Na noite seguinte, o mal se repete. Teresinha é socorrida e atendida pelo Dr. Néele. O diagnóstico do médico e os remédios não surtiram o mínimo efeito de alívio para Teresinha. Ela só podia sonhar de em breve estar junto do Bem Amado! 
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Teresa fez questão de não se dispensar de nada. Andava pelos corredores do claustro exposta à neve, ao frio e à chuva sem baixar a cabeça e sem se proteger. Passava longas horas no coro sem se encostar em nada, sem desfalecer, mesmo quando mal podia respirar. Esforçava-se por rir, gracejar, e mostrava-se interessada por tudo. Comia de tudo o que lhe apresentavam. 
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Ninguém a ouvia tossir durante a noite. Encarregava-se dos pequenos serviços da comunidade. Costurava, pintava, escrevia versos e cartas enquanto havia luz em seu quarto. Quando estava só é que tudo mudava. As energias lhe fugiam. Sentia imensa dificuldade em subir e descer escadas. Passava as noites com febre e frio; tossia sangue. É simplesmente incompreensível que durante todo o tempo do inverno ninguém tivesse notado a gravidade de sua doença. Ela queria morrer em atividade. Enquanto isso a doença progredia. Permaneceu fiel em não pedir nenhuma isenção. Madre Gonzaga, de seu lado, não tomava a mínima iniciativa em providenciar-lhe os cuidados necessários. 
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Só depois que o estado de Teresinha se complicou é que Madre Gonzaga resolveu desvelar-se mais do que uma mãe. Desde abril Paulina não saía de perto da irmã enferma, para anotar tudo o que ela podia dizer. O período de maio a 30 de setembro de 1897, dia de sua morte, foi uma longa agonia. Desenganada pelos médicos, Teresa esperava morrer. Mas, apenas viu adiar-se sempre mais a sua agonia. 
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Em julho vê pela última vez seus familiares. Neste mesmo mês já não consegue retomar a pena para escrever. Pede a unção dos enfermos. Com fervor diz: “Eu creio! Eu amo para crer mais firmemente!” Até agosto as hemoptises repetem-se. No dia 8 de julho tem de ser levada para a enfermaria onde inicia uma longa agonia de doze semanas. Leva consigo a imagem de Nossa Senhora das Vitórias. Em tudo depende dos outros. Os sofrimentos físicos vêm todos juntos: febre, suores, falta de ar, insônia. 
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Dia 30, na manhã de sua morte, diz: “Eu não me arrependo de me ter abandonado ao Amor”. Às horas finais, as mãos ficam geladas, o rosto se congestiona. De quando em quando, Teresa solta breves gemidos de sofrimento. Às sete da noite, ela fita o Cristo crucificado e diz: “Eu vos amo”, inclina a cabeça e expira. O corpo ficou exposto no coro, atrás das grades, de sexta a domingo, para a visitação dos parentes e amigos. Todos queriam vê-la e tocá-la com terços e medalhas, como se já quisessem pedir-lhe graças e favores. 
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No dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, foi sepultada no cemitério de Lisieux a Irmã Teresa do Menino Jesus da Santa Face, falecida aos 24 anos. Quem dirige o cortejo fúnebre é sua irmã Leônia; de coração despedaçado. Havia muito pouca gente no pequeno cemitério. Depois do enterro o Carmelo voltou à rotina.

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