(Α Ω) ANUNCIAR O EVANGELHO : "Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura MC 16,15"--O conteúdo dessa página pode ser reproduzido desde que informado a fonte e o autor.

24 de out. de 2010

Dúvidas sobre os termos da Oração Salve Rainha


Pergunta - O que quer dizer, na Salve Rainha, a invocação “a vós bradamos, os degredados filhos de Eva”?

Resposta - Para melhor compreender a expressão “degredados filhos de Eva”, é conveniente reler o que está nos capítulos 2 e 3 do Gênesis, que narram a criação do homem e a sua queda, cedendo à tentação da serpente e comendo do fruto proibido. Resumiremos os dados principais, transcrevendo alguns trechos desse primeiro livro das Sagradas Escrituras:

“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e insuflou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente. Ora, o Senhor Deus tinha plantado, desde o princípio, um paraíso de delícias, no qual pôs o homem que tinha formado. E o Senhor Deus tinha produzido da terra toda a casta de árvores formosas à vista, e de frutos doces para comer; e a árvore da vida no meio do paraíso, e a árvore da ciência do bem e do mal. [...] Tomou, pois, o Senhor Deus o homem e colocou-o no paraíso de delícias, para que o cultivasse e guardasse. E deu-lhe este preceito, dizendo: Come de todas as árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque, em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente” (Gen. 2, 7-15).

A queda, o castigo e a expulsão do Paraíso.

Segue-se a descrição da criação de Eva a partir de uma costela de Adão. Em seguida vem a tentação da serpente e a queda do homem:

“Mas a serpente era o mais astuto de todos os animais da terra que o Senhor Deus tinha feito. E ela disse à mulher: Por que vos mandou Deus que não comêsseis de todas as árvores do paraíso? Respondeu-lhe a mulher: Nós comemos do fruto das árvores que estão no paraíso, mas do fruto da árvore que está no meio do paraíso Deus nos mandou que não comêssemos, e nem a tocássemos, não suceda que morramos. Porém a serpente disse à mulher: Vós de nenhum modo morrereis. Mas Deus sabe que, em qualquer dia que comerdes dele, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.

“Viu, pois, a mulher que [o fruto] da árvore era bom para comer, e formoso aos olhos, e de aspecto agradável; e tirou o fruto dela e comeu; e deu a seu marido, que também comeu. E os olhos de ambos se abriram; e tendo conhecido que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram para si cinturas. E, tendo ouvido a voz do Senhor Deus, que passeava pelo paraíso à hora da brisa, depois do meio-dia, Adão e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus no meio das árvores do paraíso” (Gen. 3, 1-8).

Como se fosse possível esconder-se da face de Deus! Deus interpela Adão, que culpa Eva. E Eva culpa a serpente. E depois de amaldiçoar a serpente, Deus diz a Eva:
“Multiplicarei os teus trabalhos, [especialmente os de] teus partos. Darás à luz com dor os filhos, e estarás sob o poder de teu marido, e ele te dominará. E disse a Adão: Porque deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que eu te tinha ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua causa; tirarás dela o sustento com trabalhos penosos todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra, de que foste tomado; porque és pó, e em pó te hás de tornar” (Gen. 3, 16-19).

Por desobediência, o degredo de Adão e Eva.

Fez também o Senhor Deus a Adão e sua mulher umas túnicas de peles e os vestiu. E disse: Eis que Adão se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, pois, [expulsemo-lo do paraíso], para que não suceda que ele estenda a sua mão e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. E o Senhor Deus lançou-o fora do paraíso de delícias, para que cultivasse a terra, de que tinha sido tomado. E expulsou Adão, e pôs diante do paraíso de delícias Querubins brandindo uma espada de fogo, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gen. 3, 21-24).

Portanto Deus tinha criado o homem para deixá-lo num paraíso de delícias. Esse lugar seria a sua pátria nesta Terra. Tendo ele pecado, Deus expulsou-o desse paraíso, condenando-o a comer o pão com o suor do seu rosto, sujeitando-o a toda espécie de males, e por fim à morte. Como filhos de Adão e Eva, esta é a nossa situação atual: fomos desterrados da pátria que Deus tinha criado para nós, e vivemos numa terra de exílio.

Esta passagem da pátria autêntica, cheia de delícias, para uma terra estranha e adversa, é o que se chama degredo, desterro ou exílio. Somos, pois, os “degredados filhos de Eva”.

A Salve Rainha é uma oração composta originalmente em latim, onde se usa no trecho em questão a palavra exsules, que se traduziria perfeitamente por exilados. No tempo em que a oração foi traduzida para o português, seria mais comum do que hoje o uso da palavra degredo, e portanto todos a compreendiam facilmente. De qualquer modo, o significado é o mesmo: exílio ou desterro, isto é, a expulsão da pátria como castigo de um crime grave, como grave foi a desobediência de Adão e Eva à ordem dada por Deus.

Naturalmente pode dar-se também o exílio voluntário, quando alguém foge do país por receio de ser perseguido por razões políticas ou de outro gênero. Foi o que ocorreu com a Sagrada Família, que se exilou no Egito para fugir da perseguição de Herodes. No caso de Adão e Eva, porém, não se tratou de um exílio voluntário.

Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.

Uma piedosa legenda atribui as palavras finais da Salve Rainha — o clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria — a São Bernardo de Claraval, que as teria pronunciado na Catedral de Spira por ocasião de uma solenidade no dia 25 de dezembro de 1146, na presença do imperador Conrado III. A Salve Rainha é comumente atribuída, toda inteira, ao mesmo S. Bernardo, mas disso não se pode ter certeza, pois algum tempo antes de São Bernardo a oração já era conhecida.

Mais importante do que descobrir sua autoria é rezá-la com freqüência, para que a Santa Mãe de Deus esteja sempre presente, fazendo companhia a nós, que somos “os degredados filhos de Eva”. Máxime em nossos dias, em que esta terra de exílio vai se tornando cada vez mais adversa aos filhos da Santa Igreja, e já se esboçam planos de perseguição aos verdadeiros católicos em todo o mundo, como está previsto no Segredo de Fátima. Mesmo em nosso católico Brasil (ou já se pode falar de ex-católico Brasil?), cujo Plano Nacional de Direitos Humanos, assinado pelo Presidente Lula, contém medidas de verdadeira perseguição religiosa.

Precisamos resistir e lutar, por todos os meios lícitos, contra o que pretendem esses inimigos da Igreja. Mas, não nos iludamos, pode chegar o momento em que todos os que queiramos permanecer fiéis a Nosso Senhor Jesus Cristo sejamos confinados nos calabouços dos novos Coliseus, que vão se construindo nas nações celeremente secularizadas e atéias de nossos dias.

Precisamos estar preparados para enfrentar então o martírio. E desde já, aflitos mas confiantes, devemos levantar os olhos para a Virgem Mãe de Deus e bradar em alta voz:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva! A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas! Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
E devemos insistir sempre:
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
Fonte primária: Catolicismo

Fonte atual: http://www.espacomaria.com.br/

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